22 de abr. de 2010

Carta Aberta dos Educadores de Governador Valadares à população

ESTÃO BRINCANDO COM A EDUCAÇÃO

Aos pais, alunos e comunidade;

Nós, professores da Rede Municipal de Ensino de Governador Valadares, em greve desde o dia 13 de abril, viemos a público demonstrar nossa indignação com a Prefeita Municipal, Elisa Costa (PT), e com a Secretária de Educação, Sames Assunção Madureira, pelas atitudes que vêm tomando com relação ao rumo da educação em Valadares. Queremos deixar todos os cidadãos informados dos motivos que nos levaram à greve:

1 - Foi implantada este ano a Escola em Tempo Integral no nosso município. O aluno deveria chegar às 7h e estudar até às 15 h (o que não está acontecendo na maioria das escolas). Para isso, foram contratados vários oficineiros (não professores) para ministrar artes, taekwondo, judô, futsal, meio ambiente, música, teatro, rádio-escola, capoeira... etc. Infelizmente, as escolas não funcionam como deveriam. Qualquer espaço é usado como sala de aula, sendo os mesmos insuficientes e inseguros para alunos e professores.

2 - Até o mês de março deste ano, todos os professores das séries finais (antigas 5ª a 8ª séries) ministravam 18 aulas de 50 minutos. Havia 4h30 reservados para reuniões, planejamentos e correções de atividades dos alunos, como  fazem os professores das redes estaduais e particulares. De repente, fomos surpreendidos com a notícia de que deveríamos ministrar 22 aulas de 50 minutos recebendo por 18. Na verdade, não estamos reclamando o aumento do salário, mas o aumento das aulas, pois teríamos que assumir mais turmas, o que implicaria num volume maior de tarefas, outras atividades e cansaço, não alcançando resultado satisfatório.

3 - Como não fomos sequer recebidos pelas autoridades, resolvemos entrar em greve. Greve, para nós, é o último recurso, pois não queremos prejudicar o nosso aluno e nem gostamos de fazer reposições aos sábados. Mas foi necessário. Com o início da greve começaram também as pressões. Professores contratados, que aderiram à greve, estão sendo demitidos, o que é contra a lei. Todo trabalhador e trabalhadora tem direito, conforme a Constituição Federal, de fazer greve e não deve ser penalizado por sua luta.

4 - Os professores e oficineiros que estão indo às escolas são forçados a entrar nas salas, substituindo os professores grevistas. Eles  “dão aulas” de matérias para as quais não são licenciados. Isto para justificar junto à comunidade que está tudo bem, dizer que as escolas estariam funcionando normalmente, o que não é verdade.

5 - Nossos alunos não estão participandos de atividades pedagógicas como deveriam. São mantidos em sala de aula, o que apenas dá a impressão de que as aulas de fato acontecem. Para a Secretária da Educação e os diretores das escolas, qualquer um pode ser professor. Nós não fugimos às nossas responsabilidades; é preciso que vocês compareçam às escolas, vejam a bagunça que se tornou esse horário em tempo integral e a insatisfação dos profissionais das escolas com a atual administração.

Temos convicção de que o futuro da educação é a Escola em Tempo Integral, mas não essa que foi implantada em Governador Valadares. Aqui, precisamos rever, re-planejar, reorganizar e discutir com todos os educadores envolvidos a melhor forma de implantá-la para que seja sucesso. Acreditamos que a primeira providência é colocarmos a frente desse processo uma pessoa democrática, competente e que esteja de acordo com o slogan do Partido dos Trabalhadores que atualmente administra nossa cidade.

Professores da Rede Municipal de Educação

Um comentário:

  1. Isso é a mais pura verdade*. Eu sou aluno de uma escola publica e vejo tudo isso, mas na verdade a " Prefeita " deveria tirar literalmente o tempo integral desse ano letivo, para organizar uma escola de tempo integral melhor para o ano que vem, funcionar com sucesso!!!/Eu,Adeilson C. Rodrigues Filho, ( E. M. S. Teotônio Vilela )Gov. Valadares

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