2 de jun. de 2010

O que uma jovem sindicalista sentiu e aprendeu ao participar da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora

Por: Verônica Pimenta

Foi emocionante participar da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, no dia 1º de junho de 2010. Tenho 29 anos. Acostumei-me a ler, nos livros de história, sobre a primeira Conferência, denominada Conclat. Classifico-me como "jovem sindicalista" pelo fato de ter entrado no Movimento Sindical há pouco mais de 2 anos. Por enquanto, todas as práticas têm sido experiências de constante aprendizado.

Fui uma das primeiras pessoas a chegar ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Acompanhei, a cada instante, a chegada das pessoas que lotaram as arquibancadas. A maior reunião de trabalhadores dos últimos 30 anos mobilizou aproximadamente 5 mil sindicatos em todo o País, chegando a um público de 30 mil pessoas no Pacaembu. Foi intrigante perceber que, mesmo no meio da multidão, boa parte dos que ali estavam presentes se sentiam protagonistas.

Aprendizado número um: cada um é importante nessa luta que pretende deixar uma herança positiva para o País. Mas fazemos parte de um todo, com ações coordenadas e um objetivo certo. É esse o sentido da unidade sindical.  É mais prático respeitar as diferenças e caminhar com um rumo certo, do que ficar o resto da vida nos prendendo a detalhes, tentando convencer quem na realidade já está do nosso lado na batalha por melhores condições de vida e de trabalho.

A narrativa oficial diz que a primeira Conclat, realizada em 1981, falhou o projeto de unidade, já que ela era pretendida por meio de uma  única Central de Trabalhadores. Mas nesse 1º de junho de 2010, demos uma lição de História, com “H” maiúsculo. Esse é um novo contexto para a organização sindical, com as centrais legalizadas. Nós, trabalhadores, começamos a construir uma outra sobre a história do sindicalismo brasileiro, edificando, pelas nossas próprias mãos, as perspectivas de ação unitária no século XXI. Aprendizado número dois: a História pode e deve ser reconstruída e cada instante.

Como protagonistas da História, podemos e devemos eleger nossos representantes legítimos, com o objetivo de emplacar grandes projetos em favor da classe trabalhadora. O raciocínio é simples e cristalino.  A unidade das Centrais Sindicais, formalizada quase 30 anos após a 1ª Conclat, é programática: compreende a coordenação de ações em projetos que são consenso, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário.

Mais uma vez, as trabalhadoras e trabalhadores não se intimidam. Ousam em propor uma agenda para o País, e vão apresentar essas propostas a todos os candidatos a presidente do Brasil. Aprendizado número três e conclusão: a Conclat foi uma demonstração real de força e capacidade de interferir nos rumos políticos. Não há precedentes para tal, principalmente do ponto de vista metodológico.  

Jornalista da CTB Minas e Diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.

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